Na madrugada do dia 16 de agosto de 1984, ocorreu a maior tragédia da história da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro: um acidente em Enchova matou 37 trabalhadores e causou ferimentos em outros 23 quando a embarcação em que tentavam abandonar a plataforma despencou no mar, de uma altura de 30 metros, após explosão seguida de incêndio provocada pela perfuração de um poço de petróleo.
Enchova |
A Plataforma de Enchova possuía cinco baleeiras,
embarcações fechadas de fibra de vidro com capacidade para 50 pessoas cada e
pesando cerca de 10 toneladas. Essas baleeiras eram sustentadas por dois cabos
de aço que, acionados por uma engrenagem, faziam descer a embarcação até o mar.
Ao ser acionada a engrenagem para a saída da
baleeira, um dos cabos de aço ficou preso. Ocorre que o outro cabo não
sustentou o peso e também se rompeu, fazendo a embarcação cair no mar. Alguns
trabalhadores morreram em razão da queda e outros por afogamento.
Até hoje, o acidente não teve suas causas explicadas pela Petrobrás. Um laudo
“técnico”, elaborado pela direção da empresa sem participação do sindicato,
concluiu por falha humana.
Na época, o sindicato dos trabalhadores denunciava as péssimas condições de
trabalho, a política de metas de recordes de produção, a falta de manutenção
adequada e a condenação de alguns equipamentos, entre eles a válvula que vedava
o poço em caso de blowout que não estava em condições de operação, como as
principais causas da explosão seguida de incêndio que resultou no acidente fatal.
Quatro
anos depois, a empresa colocava a meta de produção de 500 mil barris dia acima
de tudo e acabou acontecendo um novo acidente em Enchova. Causou a
destruição total do convés e da torre, totalizando um prejuízo de 500 milhões
de dólares.
Quando
alcançou essa meta, convidou jornalistas para visitar a plataforma de Pampo. O
Bandeirante da TAM, prefixo PP-SBC, arrendado da TAM para um voo charter para a
Petrobrás, 21 minutos após decolar do aeroporto do Galeão, no Rio,
aproximava-se de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro, com chuva, quando a
tripulação abandonou o plano de voo por instrumentos e prosseguiu em condições
visuais.
O
avião explodiu ao chocar-se com o morro São João. Entre as vítimas, estavam 14
jornalistas de emissoras de televisão (Globo, Manchete, Bandeirantes e
Educativa), que fariam reportagem sobre a produção de petróleo na Bacia de
Campos.
A
TAM credita o acidente a erro do piloto, mas a versão é contestada pelo
Sindicato dos Aeronautas, que denuncia ter havido uma pane no avião. Três meses
depois, a viúva do piloto encontrou um bilhete numa bolsa do marido, no qual
ele apontava irregularidades na segurança dos aviões da empresa.
O
total desrespeito ao trabalhador e a falta de segurança proporcionaram a
ocorrência de um novo acidente na mesma plataforma dois anos depois. Esse
quadro permanece até hoje, quando 17 anos depois de Enchova ocorre o
grave acidente com a plataforma de P-36, que vitimou 11 trabalhadores e são
constantes os acidentes com aeronaves.
No
acidente de Enchova as vítimas eram trabalhadores de contratadas, já no
acidente com a P-36 os petroleiros mortos eram da Petrobrás. Precisou que as
vítimas fossem da própria companhia para que ela tomasse alguma atitude em
relação à implantação de diretrizes de SMS, mesmo assim, até hoje na prática
essas diretrizes não saíram do papel e o sindicato continua lutando por
melhorias de segurança nas plataformas.
Construção, Instalação e Acidentes em Plataformas e Refinarias de Petróleo
A Propaganda da Petrobrás
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